HISTÓRIAS DE UM POVO SOFRIDO.

DEUS E O DIABO NO FINO.

A fome causa comoção... A indiferença cria desajustados...  A sede mata.

Nada é mais macabro do que assistir a morte de um animal com sede; E quem assiste pela mídia ou ouve falar, não tem noção real do fato. Naquele  momento duvidamos até mesmo da bondade de Deus e creditamos ao Diabo plenos poderes sobre a vida.

Nos três meses em que ficamos na comunidade do Fino, de agosto a outubro; registramos fatos ilustrativos que espelham a rotina de vida de milhares de famílias do Nordeste Brasileiro que sofrem as conseqüências da falta de água.

A convivência nos revelou total falta de estrutura familiar e por conseqüência uma sociedade carregada de atritos gerados por causas fúteis, isto sobre a ótica de quem vive nas cidades situadas nas proximidades  da realidade do século XXI.

DOS FATOS:

_  Um filho assassina a mãe com machadas e sai em busca do avô com propósito de matá-lo também.

_ Outro filho agride e fere  a mãe com uma foice por causa de um litro de feijão de planta.

_ Jovens se entregam ao Alcoolismo, seguindo a rota do escapismo que transforma seres sem expectativas de futuro,  em verdadeiros trapos humanos.

_ Muitos que se aventuram no corte de cana, voltam viciados em drogas e com a impossibilidade de manter o vicio acabam como débil mental ou buscam áxilo nas periferias das cidades onde se transformam em meliantes.

_ Crianças e jovens percorrem quilômetros para estudar, e quando entra nos ônibus são discriminadas por morarem em região com falta de água. “Os fedorentos”.

_ Um morador cava um poço em busca de água, seus vizinhos protestam e entope a cisterna depois de feita.

_ Um morador com ajuda de políticos, impedi a abertura de estrada de serventia para varias famílias; questão que perdura por vários anos e consolida o ódio e rivalidade  na  comunidade.

_ Pessoa que se intitula como representante da comunidade, com ligação a igreja e Sindicato,  sendo participante de movimentos sociais e de defensores do Meio Ambiente; promove destruição sistemática da nascente do Córrego do Fino.

_  Pendências judiciais que em sua maioria são decididas pela força e influencia   política.

_ Divergências em questões de interesses em comum que impedem a realização de obras em beneficio da comunidade.

_ Paixão e fanatismo pela  política partidária; motivando atitudes irracionais.

Estes são alguns dos fatos que evidencia a situação nas comunidades, cuja falta de água gera conflitos existenciais e revela a supremacia do poder político sobre o destino de milhares de famílias que sobrevivem na Região Oeste do Estado da Bahia.

Pode se ter,  a impressão de que a comunidade do Fino esteja localizada em área remota  e distante dos centros urbanos; mas essa não e a verdade.

A Comunidade do Fino fica a 11 quilômetros da cidade de Correntina e a 13 quilômetros do Distrito de São Manoel, com acesso pela estrada Correntina/Jaborandi.