RELATORIO ACAI.

ATIVISTAS E COMPANHEIROS DE LUTA.

SAUDAÇÕES ACAI.

Nestes últimos três anos, tenho percorrido a Região Oeste da Bahia, na área de abrangência do Velho Chico, em busca de ter elementos reais e de fatos, para emitir opnião consistente sobre nosso ecossistema e nortear nossas ações e trabalho como membros da ACAI.

Como resultado, posso afirmar que estamos vivenciando um processo que já aconteceu e esta acontecendo em varias partes do mundo. Processo este que pode ser mais bem compreendido visto e analisado sobre três aspectos fundamentais: Aspecto econômico, Humano e Ecológico.

ASPECTO ECONOMICO: Vivemos a fase de expansão do agronegócio e da indústria extrativista, que gradativamente ocupa cada vez mais espaços, promovendo o progresso nas micro regiões onde já se encontram em franco desenvolvimento como: Barreiras, Luiz Eduardo Magalhães, São Desidero, Caitite, Cocos, etc. O maior exemplo que posso citar nesse aspecto é a cidade de Luiz Eduardo Magalhães, criada a menos de dez anos e hoje figura como o segundo mais importante município da Região.

Sobre o ASPECTO HUMANO, há que se considerarem as condições de sobrevivência no passado recente, quando se vivia a saga dos tropeiros que percorriam de 800 a 1300 km em busca do sal, nas cidades de Calvacante e Anápolis no estado de Goiás. Sendo este meio, substituído pelos caminhões pau-de-arara que intensificou o êxodo rural.

 Na atualidade, pode se perceber nitidamente o confronto de culturas em que empresários e grandes grupos, do centro sul do Brasil, aproveitam a precariedade de infra-estrutura da região para adquirir grandes áreas de terra, sendo que alguns já foram fragados pela exploração de mão de obra escrava, na região considerada como anel da soja. (doc. Anexo).

Neste contexto, sobre precariedade infra-estrutural, posso citar exemplo recente em que o Tribunal de Justiça do Estado, desativou 50 comarcas e mandou fechar Fóruns e Cartórios nas cidades, sob alegação de redução de custos. (doc. anexo).

Senhores; percorri dezenas de municípios e estive em centenas de Comunidades e posso atestar das condições subumanas em que sobrevive a maioria de nossa gente. Estarrecido, testemunhei o crescente mercado da exploração sexual, onde crianças de sete, há doze anos, se prostituem por cinco, três e ate dois reais, para manutenção da família.

 Adolescentes furtam para sobrevivência, porque a estrutura de estado, (Conselhos Tutelares), proíbem que eles trabalhem. O pior senhores, é que esta situação degradante é comum em todos os municípios por onde passei.

Em muitas cidades pode se atestar a consolidação do crime organizado, subsidiado em suas atividades por menores de idade, em conseqüência da falta de infra-estrutura básica na educação, saúde e trabalho.

No ASPECTO ECOLOGICO, antevejo em nossa região, previsões da NASA, de que em 50 anos a população mundial irá sofrer as conseqüência da escassez de água potável. Centenas de nascentes, córregos e rios já secaram. Bacias de grandes afluentes do Velho Chico estão em estado terminal, como do rio Santo Onofre, rio Santa Rita, Para mirim, etc. O próprio São Francisco, já da sinais de fragilidade.

CONCLUSÕES:

Como disse inicialmente, estamos vivenciando um processo, conhecido e repetido em varias partes do mundo e os prejuízos causados ao meio ambiente, em muitas situações serão irrecuperáveis.

Acredito ainda ser possível desenvolver trabalhos para conter esse processo a começar por ações de recuperação, organização e fortalecimento da agricultura familiar com incentivo a novas tecnologias de plantio, como a Plasticultura, Plasteirrigação e Hidropônica.

Incentivar e difundir técnicas para construção de Diques para contenção de águas pluviais, principalmente no leito dos rios que secaram.

Criar meios para facilitar o acesso à água; nesse segmento tenho a grata satisfação de informar que já concluímos o Projeto roda d’água, e agora aguardamos recursos para montagem de uma linha de produção.

Na educação, desenvolver ações para implantação, expansão e fortalecimento da rede de ensino fundamental, e se possível encontrar meios e recursos para construção nas escolas, de viveiros para produção de mudas de arvores nativas, visando à recuperação das matas ciliares.

Na saúde, vejo com simpatia, proposta de Ativistas da ACAI de Paratinga, para criação do Projeto “Anjos da Comunidade”, capacitando pessoas para prestar atendimentos de primeiros socorros.

Senhores; muito trabalho tem por fazer para construção de escudo de proteção ao Rio São Francisco, e o apoio e fortalecimento da agricultura familiar, e as Comunidades tradicionais, constitui as bases desta proposta, para assim poder conter a expansão do agronegócio e suas conseqüências ao meio ambiente.

Às vezes a luta nos parece ingrata pela falta de condições e recursos, porem nossos ideais, ainda nos mantém de pé... Eu Acredito.

Evandino Antonio Eneias-Segundo Conselheiro Fiscal da ACAI MATRIZ.

Respon. Pela fase inicial de implantação do Projeto ACAI.

Comunidade de Coragina, município de Santa Maria da Vitoria, aos 28 dias do mês de agosto de 2011.